Neste fim de semana, começa o V Festival de Dança Fendafor, no Teatro Rachel de Queiroz, de Guaramiranga. Mas... Não estava aquele palco interditado?
JORNAL O POVO 08.12.2011
Raquel Rampazzo e Welton Nascimbene, da Cia. Brasileira de Danças Clássicas de São Paulo, são destaque na programação (DIVULGAÇÃO) |
Dois eventos deixaram de acontecer no Teatro Rachel de Queiroz, em Guaramiranga, neste 2011. O Festival de Jazz & Blues e o Festival Nordestino de Teatro (FNT) foram obrigados a reorganizar suas estruturas: o equipamento sofria com as fortes chuvas. Infiltrações e uma rachadura nos canos que fazem a drenagem, por baixo do palco, impeliram o fechamento das portas no início do ano. Mas eis que o V Festival de Dança Fendafor anuncia sua etapa (itinerante) na pequena cidade serrana para acontecer exatamente ali, no Rachel de Queiroz.
Segundo o atual Secretário de Cultura da cidade, Almir Franco, houve um erro de comunicação “Não estava interditado. Os técnicos fizeram visitas e viram que estava tudo normal. Ele nunca foi concluído. Isso, sim”, contou, por telefone. “Ele não estava interditado, a gente fez o pedido e foi liberado”, reafirma Janne Ruth, organizadora geral do Fendafor. Não foi isso, porém, que apurou O POVO em duas ocasiões anteriores. Em matéria de 21 de fevereiro, por exemplo, Ricardo Ruiz, então secretário de Cultura do município, dizia: “O teatro está interditado porque detectou uma deficiência na estrutura. Um engenheiro da Prefeitura nos recomendou não utilizar (o teatro) no momento”.
A obra de reparos na estrutura tinha valor estimado em R$ 200 mil. Já a reforma completa, com finalização do projeto, custaria algo em torno de R$ 1,5 milhão. “Na verdade, eu assumi a secretaria em maio. Nunca chegou em minhas mãos um documento interditando o teatro. A primeira coisa que eu procurei foi profissionais que pudessem acompanhar e dizer sobre o uso ou não do teatro”, retificou Almir Franco. Um desses profissionais, segundo Almir, é Joaquim Caracas. O POVO tentou falar com ele ao telefone, mas o número estava desligado até o fechamento desta edição.
Naquele fevereiro, a Secretaria da Cultura do Estado (Secult) se comprometeu a ajudar a Prefeitura, tendo em vista a impossibilidade desta trabalhar sozinha. Era preciso, porém, que fosse entregue um projeto completo das demandas. O dito projeto nunca foi entregue, segundo a assessoria de comunicação da Secult. Depois de duas datas marcadas e desmarcadas para um encontro entre secretário de cultura de Guaramiranga e secretário estadual, Francisco Pinheiro, a reunião ainda está pendente. E não deve acontecer este ano, apenas no próximo. A agenda do secretário Francisco Pinheiro já está fechada, informou a assessoria.
No final de agosto, O POVO voltou a visitar o equipamento. O Teatro Rachel de Queiroz continuava com fissuras nas paredes e goteiras. Naquele momento, o último laudo sobre os problemas, assinado pelo engenheiro Helder Martins, denunciava infiltrações, resultado de um rompimento de um tubo de drenagem, que inundou o subsolo, logo abaixo do palco – o piso é de solo batido. A inundação provocou a saturação do solo e, por consequência, a acomodação da fundação dos pilares.
Em agosto, Vanildo Costa, coordenador artístico da Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga (Agua), articuladora do FNT, declarou que “o festival vai acontecer na rua por uma situação que está posta e não por opção”. Maria Amélia Mamede, da diretoria da Via de Comunicação, que realiza o Festival de Jazz & Blues, confirmou que no próximo ano o evento vai acontecer também na rua. “Tinha umas rachaduras e a gente ficou preocupado com a questão da segurança. Até a gente ter um laudo assinado, que diga que o teatro está em condição de uso, faremos do lado de fora”. Nesse novo formato, o espaço fica maior e é mais fresco. “Imagina você passar calor em Guaramiranga. Mas se estivesse todo certo, seria um equipamento que nós utilizaríamos”.
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PARA ENTENDER - Em matéria de 21 de fevereiro, Ricardo Ruiz, então secretário de Cultura de Guaramiranga, disse ao O POVO: “O teatro está interditado porque detectou uma deficiência na estrutura”. No final de agosto, voltamos a visitar o equipamento. O Teatro continuava com fissuras nas paredes e goteiras. Naquele momento, o último laudo sobre os problemas denunciava também infiltrações.
Transcrito: Jornal O Povo
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