quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

MP INDICIA 34 DO NATAL LUZ POR FORMAÇÃO DE QUADRILHA E DESVIO DE DINHEIRO PÚBLICO

O Ministério Público denunciou à Justiça 34 pessoas ligadas à organização e à promoção do Natal Luz de Gramado, provavelmente o evento mais propagandeado do Rio Grande do Sul, pelos crimes de formação de quadrilha e peculato “para fins de desvios”. A denúncia foi apresentada e uma operação em que foram cumpridos 29 mandados de busca e apreensão em Gramado, Canela e Bento Gonçalves. Nessa operação foram recolhidos livros de contabilidade, notas fiscais, arquivos de computadores e outros documentos relativos ao Natal Luz.
O promotor de Justiça Regional de combate à improbidade e à corrupção, Adrio Gelatti, afirma que foi possível identificar pagamentos ilegais no valor de R$ 7,8 milhões, referentes a contas do festival entre os anos de 2007 a 2010. Além disso, também foi apurado que o ex-prefeito Pedro Bertolucci e o atual prefeito de Gramado, Nestor Tissot, aplicaram verbas irregularmente no evento. Cada um aplicou meio milhão de reais – da Prefeitura.
“Isso será objeto de ação civil pública a ser ajuizada pelo Ministério Público”, anunciou Gelatti.
Ele não tem nenhuma dúvida sobre a formação de uma quadrilha por organizadores e promotores do Natal Luz abrigados na Associação de Cultura e Turismo de Gramado.
“Possuíam um claro organograma, com chefia e demais escalões bem delineados”.
Em resumo, o Ministério Público aponta uma roubalheira: pessoas nomeadas pelo prefeito para organizar, gerir e captar recursos para o Natal Luz, se valiam dessa condição de funcionários para ganhar dinheiro público contratando serviços de empresas das quais eram sócios. As investigações indicam que o esquema era liderado pelo empresário Luciano Peccin – acusação contestada pelo advogado dele.
Na tarde passada, o Ministério Público divulgou uma série de escutas telefônicas contendo conversas entre os acusados.
Numa das gravações a produtora cultural do Natal Luz Janice Moraes, uma das denunciadas, pergunta ao interlocutor por que ninguém eliminava o promotor Antônio Kepes, um dos responsáveis pela investigação.
“Por que vocês não mandam matar esse cara?”, questiona Janice.
Em outra conversa gravada, dois acusados tratam da falsa prestação de contas dos ingressos vendidos na edição de 2010. O problema que examinavam: foram declarados apenas R$ 65 mil, enquanto a arrecadação foi 60 vezes maior: R$ 4 milhões.
O prefeito de Gramado, Nestor Tissot, que se empenhou nos últimos meses em mobilizar interessados e liderar uma campanha de descrédito aos investigadores do Natal Luz, disse ontem que nunca fez nada de errado e não tem nada a temer.